sábado, 23 de outubro de 2010

Descubra como as palavras vão parar no dicionário

As palavras "blogar", "tuitar" e "nerd" estão cheias de prosa. Depois de andarem na boca do povo, em livros e em jornais, foram parar no dicionário, aquele livrão que explica o significado das palavras.

É que o dicionário quer sempre se manter atualizado, como um espelho de nossa fala e escrita. "Ele registra verbetes que representam as necessidades linguísticas da comunidade que os criou, em um momento retratado. É como se 'congelasse' as palavras", diz Marcelo Módolo, professor de filologia e língua portuguesa da USP (Universidade de São Paulo).

Mas a língua é "viva" e muda o tempo todo. "Por isso, quando acabamos a edição de um dicionário, já retomamos o trabalho para a próxima", conta Valéria Zelik, editora do dicionário Aurélio.

Por exemplo, o Aurélio incluiu palavras como "bullying", "pet shop", "balada", "chocólatra", "bandeide", "chef" e "tuitar". Já o dicionário Houaiss registrou as palavras "botox" e "motobói"; "nerd" e "geek" também entrarão logo.
 
Como é feito

Dá um trabalhão fazer um dicionário. Para escolher que palavras entram, é feita uma pesquisa em textos escritos e na linguagem falada. Cada palavra precisa aparecer um mínimo de vezes.

Depois de selecionar os termos e organizá-los por ordem alfabética, eles viram um verbete (pequeno texto do dicionário). Mário Villar, coautor do Houaiss, conta que levou 15 anos preparando a primeira edição, com participação de 200 pessoas (editores, revisores, lexicógrafos).

Não sabe o que significa "lexicógrafo"? Vá correndo olhar no dicionário!
 
Cartão vermelho

Se uma palavra sai de uso por muito tempo, pode ser excluída do dicionário. Mas "disquete" e "videocassete" continuam nele, mesmo representando objetos que ficaram velhos. Isso porque muita gente ainda tem esses aparelhos, que são citados em vários materiais escritos.

"As exclusões, em geral, são de termos técnicos que se alteram", diz Valéria Zelik. Um exemplo é "sistema digestivo", que saiu de alguns dicionários quando passou a se chamar "sistema digestório". E o professor Marcelo Módolo completa, sobre as inclusões: "A informática é um bom exemplo. Há alguns anos, ninguém ouvia o verbo deletar, no sentido de apagar. Ele foi incorporado ao português pela informática, vindo do inglês."

Outro exemplo de palavra que saiu de uso é "psichê"; ela representava um móvel (espécie de penteadeira) que não se usa mais. Por isso, foi excluída de alguns dicionários. E "bombeiro", por exemplo, era um "indivíduo que fabrica bombas"! 

Do Folha.com - Folhinha

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