sábado, 11 de dezembro de 2010

A Guerra Fria e a Contracultura







Maria Aparecida Souza da Cruz

A Guerra Fria foi sem duvida, o acontecimento mais importante do século XX por envolver o mundo inteiro em torno de dois projetos de sociedade antagônicos, o Capitalismo e o Socialismo.

Para o jornalista Jose Arbex Jr, a Guerra Fria foi um dos períodos mais fascinantes e dramáticos da historia da humanidade. Esses projetos eram antagônicos em sua origem, pois o primeiro partia de uma concepção de vida baseado em valores que tem como base à riqueza e ao bem estar individual.

Já o segundo, estava calcado em uma concepção igualitária de eliminação da exploração entre os homens e construção de um novo mundo onde o Estado organizaria a vida de forma que tudo fosse redistribuído de forma a eliminar as desigualdades sociais. Esse era o pano de fundo que permeou o mundo por quase um século inteiro, a bipolaridade.

Dentro desse embate, e que eclode o movimento denominado de contracultura. Contracultura foi um termo usado para caracterizar os diversos movimentos civis e políticos, que ocorreram em diversos paises do ocidente, principalmente nos anos 60 e 70.

O desencadeador desses movimentos foi um grande descontentamento com alguns postulados políticos do marxismo, e uma crise existencialista que exigia uma revisão das relações sociais que ampliassem seus espaços de participação. Esse movimento teve sua maior expressão nos EUA e na Franca.

Esse movimento influenciou principalmente as camadas medias da sociedade e trouxeram a tona um inconformismo frente à realidade histórica desse momento. Autores como Herbert Marcuse, consideraram esses movimentos como uma nova expressão da civilização moderna contra os avanços tecnológicos e econômicos do capitalismo ocidental.

Dentre esses grupos destacam-se o movimento hippie, que aplicava no seu dia-a-dia princípios como tolerância, liberdade sexual, igualdade entre as raças e gêneros e introduzindo alguns elementos da cultura oriental como alimentação, e uso de drogas como a maconha (cannabis sativa) e o LSD.

Os estudantes de diversos paises passavam por uma grande agitação política em torno de uma renovação nas praticas de funcionamento de instituições e partidos políticos. Dois dos principais lideres da juventude nesse momento eram os Franceses Daniel Cohn-Bendit e Jacques Sauvageot.

O movimento feminista, nesse período, entra em uma nova fase, com as passeatas pelas ruas que terminavam com a simbólica queima de sutiãs, uma maneira de mostrar que queriam mais liberdade e participação social.

O livro da psicóloga, e feminista Betty Friedan, lançado em 1963 (A Mística Feminina) ficou famoso ao defender que as mulheres tinham que sair de casa e buscar sua realização pessoal no trabalho e na vida intelectual e não apenas no casamento e na família.

Historia da luta das mulheres por maior participação social e longa, porem, nos anos 60 do ultimo século, o movimento toma novo fôlego, com o desenvolvimento da pílula anticoncepcional e com a experiência de ter ido ao mercado de trabalho durante as guerras mundiais.

O movimento Negro foi também de igual importância ao encarar o racismo e questionar os valores da sociedade Norte-Americana.

Seu líder Maximo foi sem duvida, o reverendo Martin Luther King Jr, que reuniu em Washington, no dia 28 de Agosto de 1963, cerca de 250 mil pessoas em uma marcha pela paz e pelos direitos civis. Nesse dia, Luther King fez o seu mais famoso discurso contra o racismo, que começava com a frase (Eu tenho um sonho). Sua luta lhe rendeu o Premio Nobel da Paz.

Em 1964. Havia também, o Partido dos Panteras Negras, fundado por Huey Newton, mais radical defendiam não apenas a igualdade com os brancos, mas, queria o poder, a independência e ate a revolução contra o capitalismo.

Suas táticas eram mais ousadas e envolviam ate a guerra de guerrilhas contra os policiais e representantes da opressão branca.

A professora negra Ângela Davis chegou a ser candidata a vice-presidente dos EUA pelo Partido Comunista.

A participação dos EUA na guerra do Vietnã colocou mais lenha na fogueira do descontentamento e dos conflitos já existentes na sociedade americana.

Cada vez mais a opinião publica norte americano se colocava contra a guerra e as mortes cada vez maiores de soldados brancos, e principalmente negros acirrava o debate sobre a real necessidade dessa guerra.

Estudar o processo da Contracultura e importante para entender melhor o século XX. Varias das reivindicações daqueles movimentos foram assimilados pelos governos dos paises.

As analises sobre a importância da Guerra Fria na geopolítica mundial são diversas, mas num todo os acontecimentos em torno da bipolaridade, foram os grandes marco das relações as nações.

Ainda hoje, apesar do fim da Guerra Fria, o debate a cerca de um projeto avançado de sociedade, ainda traz o embate entre aqueles que defendem o Socialismo e aqueles que defendem o Capitalismo.

Existem variadas experimentações em torno dessas duas formas de conceber o mundo. E importante enquanto cidadãos e cidadãs, não nos furtarmos de debater essas questões, já que elas influenciam diretamente o nosso presente e também o nosso futuro.
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Bibliografia:

ARBEX Jr, Jose. Guerra Fria, Terror de Estado, Politica e Cultura. São Paulo. 1997( 2º edição). Editora Moderna.

Coelho, Frederico Oliveira``Contracultura`` in Silva, Francisco Carlos T. e outros (orgs). 2004. Enciclopédia de Guerras e Revoluções de Século XX. Rio de Janeiro. Campus.Pp.194-195.

ColeçãoO Globo-2000, fascículos 23 e 24. Rio de Janeiro.

Miranda, Montgomery `Direitos civis e Movimento Negro`` in Silva, Francisco Carlos T. e outros (orgs). 2004. Enciclopédia de Guerras e Revoluções de Século XX. Rio de Janeiro. Campus.Pp224-225.

Sirinelli, Jean-Francois. Este Seculo tinha sessenta anos: a Franca dos sixties revisitada in Revista Tempo . Rio de Janeiro. 2004. Vol 8. Nº 16. Jan-Jun.

Vizentini, Paulo G. Fagundes.``A Guerra Fria``in O Século XX Volume 2. O tempo das crises. Revoluções, fascismos e guerras. Rio de Janeiro. 2000. Editora Civilização Brasileira.
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Trechos de Época:

"Eu tenho um sonho, de que um dia,nas colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e de antigos senhores de escravos poderão sentar-se junto a mesma mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho de que um dia ate mesmo o Mississipi, um Estado sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça".Martin Luther King Jr, discurso de 28 de Agosto de 1963 em Washington.

"Ficamos surpresos com a incrível imbecilidade do poder. Mas uma vez que ele se engajou nesta prova de forca, devemos ir ate o fim". Daniel Cohn-Bendit, líder estudantil em Maio de 1968.

"Estudantes, esses jovens? Eles merecem a prisão corretiva, mais do que a Universidade". Editorial do jornal "Lê Figaro", de direita, em 5 de Maio de 1968.

Núcleo de Estudos Contemporâneos - UFF

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