"Cão que ladra não morde",
Mas cãos precisam latim
Como se diz por aí, substantivos terminados em -ão são o derradeiro do derradeiro quando o contexto comunicativo os exige no plural. O terror se instala, e não se sabe mais o que é de mesmo.... “Cão” faz “cães” / “pão” sai do forno como “pães”. Entretanto, “mão” que busca outra “mão” não é “mães” que se entrelaçam / “eleição” movida a “fake News” não são “eleiçãos” democráticas. E, ainda, raro é se notar “balão” nas noites de São João, que dirá “balãos de São Joãos”... Uma “balbúrdia”, como esbravejou um certo “vilão” terraplanista que possui o DNA dos mais ferrenhos e abilolados “vilãos”, “vilões” ou “vilães” de certos enredos literários ou cinematográficos. Armaria! Nem sei mais o que estou dizeno... Acho que pisei em árduos “chãos”... Ou “serãos” árduos “chões”?!?! Bom... Nessas “situaçãos”, é mais prudente buscar ajuda no que dizem os “sabichões”.
Na
perspectiva de um processo evolutivo de uma língua que respira no incessante
“movimento linguístico heraclitiano”, hei de concordar com eles quando apontam,
entre outros fatores, que conhecer a etimologia da palavra é o caminho para as
justificativas de uso do plural dos substantivos terminados em -ão.
No
caso específico das palavras de origem latina, é preciso caminhar pelo processo
histórico das transcrições feitas pelos monges [?] copistas ao manuscrever o
falar do povo: o “n” do “canis”, “panis” e “manus” latino, por exemplo, foi
suprimido e transformado em som nasal para a vogal anterior, marcado pelo til
[~]. Assim é que o plural de “cão”, “pão” e “mão” é, respectivamente, “cães”,
“pães” e “mãos”. É preciso notar que a origem da forma escrita da palavra
persiste em palavras como “canil”, “panificação” e “manusear”.
Publicado no jornal O PODER, edição 84
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