Continuação da postagem anterior...
Para fundamentar o que foi dito na postagem anterior e considerando o processo de transformação do latim em português,
buscamos nos alumiar num tá de metaplasmo, que é a transformação
estrutural de determinadas palavras a partir da qual podem ocorrer acréscimos,
eliminações ou mudanças de posição dos sons de que elas se compõem. No caso
aqui abordado, houve metaplasmo por acréscimo e, mais estritamente, por prótese
do a- em alguns verbos.
Evidente que essa estrutura verbal, do ponto de vista da forma e da
pronúncia, constitui-se como arcaísmo, isto é, surge como palavra em desuso quanto
à sua regularidade de emprego nos atos comunicativos hodiernos [“hodiernos” tá
me cheirano a um arcaísmo... “Mai será o binidito?!?!”... rsrs].
A
impressão que se tem é a de que o “isprito” de Camões arresiste na alma
linguística desse povo que avoa feliz por dizer o que precisa dizer e se
assenta na sua imperativa liberdade de usar a língua, ainda que não
saibam eles que não existe “erro” algum na utilização de tais “verbos
protéticos”.
Enquanto
os “doutos” falantes abestados vão achano “errado” o metaplasmo por acréscimo
do a-, eu vou aqui arregistrano com o cumpadi Ednardo:
“Arrepare
não, mas enquanto engoma a calça eu vou lhe contar
Uma história bem curtinha, fácil de cantar
Uma história bem curtinha, fácil de cantar
Porque cantar parece
com não morrer
É igual a não se esquecer
Que a vida é que tem razão”
Publicado no jornal O PODER, edição 89
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